31.8.13

a urgência e a noite do deserto

[é uma ficção sobre o deserto. não é o meu deserto. 
mas existem tantos desertos como existem pessoas].


Your Soul and Mine*
[clique para escutar]

Standing in the ruins
Of another Black man's life,
or flying through the valley
separating day and night.
"I am death," cried the Vulture,
"For the people of the light."

Charon brought his raft 
from the sea that sails on souls,
And saw the scavenger departing, 
taking warm hearts to the cold.
He knew the ghetto was the haven 
for the meanest creature ever known.

In a wilderness of heartbreak 
and a desert of despair,
Evil's carrion of justice 
shrieks a cry of naked terror.
He's taking babies from their momas 
and leaving grief beyond compare.

So if you see the Vulture coming, 
flying circles in your mind,
Remember there is no escaping 
for he will follow close behind.
Only promised me a battle, 
battle for your soul and mine.


* Your Soul and Mine é uma canção de Gil Scott-Heron no álbum I'm New Here.

28.8.13

In the desert you can't remember your name

A Horse With no Name*
[clique pra escutar]

On the first part of the journey
I was looking at all the life
There were plants and birds and rocks and things
There was sand and hills and rings
The first thing I met was a fly with a buzz
And the sky with no clouds
The heat was hot and the ground was dry
But the air was full of sound

I've been through the desert on a horse with no name
It felt good to be out of the rain
In the desert you can't remember your name
'Cause there ain't no one for to give you no pain
La, la, la, la, la, la, la, la, la.
La, la, la, la, la, la, la, la, la. 

After two days in the desert sun
My skin began to turn red
After three days in the desert fun
I was looking at a river bed

And the story it told of a river that flowed
Made me sad to think it was dead

You see I've been through the desert on a horse with no name
It felt good to be out of the rain
In the desert you can't remember your name
'Cause there ain't no one for to give you no pain
La, la, la,
 la, la, la, la, la, la.
La, la, la, la, la, la, la, la, la.       

After nine days I let the horse run free
'Cause the desert had turned to sea

There were plants and birds and rocks and things
there was sand and hills and rings
The ocean is a desert with it's life underground
And a perfect disguise above
Under the cities lies a heart made of ground
But the humans will give no love

You see I've been through the desert on a horse with no name
It felt good to be out of the rain
In the desert you can't remember your name
'Cause there ain't no one for to give you no pain

La, la, la, la, la, la, la, la, la.
La, la, la, la, la, la, la, la, la. 

_________
* A Horse With no Name é uma música do primeiro álbum da banda britânica America, em 1971.


11.8.13

o encontro desaparecimento

[ou: por uma arqueologia interna submarina]




a arqueologia:
há pirâmides no deserto como no mar:
* Foram descobertas pirâmides de cristal no triângulo das bermudas. 
se o triângulo é potência, a pirâmide é catalisadora de energia. 
Se pode sincronizar o tempo dos relógios, poderia dessincronizar o mar?
seu vórtice é redemoinho, engole os navegantes da tensão superficial.
...



submergir para o encontro:

a pirâmide que tem a base na terra mais profunda, envolvida nesse ar turvo,

nesses mares de densidade inexplorada.

somente os peixes abissais e suas lanternas solitárias conseguem navegar.


os navegantes das superfícies são distraídos em alegria

na falta de profundidade que só a leveza mais ensolarada e inocente pode habitar.
navegantes que procuram o sol se esquecem de olhar para a densidade desconcertante desse mar.

cegos de sol, esquecem daqueles redemoinhos muito internos que nos sugam para dentro de si.

.....................................



a ponta da pirâmide é o princípio do redemoinho.
a espiral que turva os olhos cegos de sol,
esquecidos de olhar para a profundeza muito azul de melancolia e mar.

o mar.
aquele horizonte tão distante.
a luz contra o olho, flare de amor e ar.

...


se eu for abduzida para o meu íntimo,

como retornar?
[o fôlego tem a vida curta, o ar e a vida estão na superfície solar].

...


se há pirâmides no mar como no deserto,

há o oásis no mar?
[a cura do deserto é uma ilusão].

mas, antes de tudo, navegar.

a busca deve ser tão ensolarada quanto profunda.
não importa se caminho os desertos, não importa se navego a profundeza  inteira,
o encontro existe mesmo dentro do olho mais turvo.

[quero ser peixe abissal de olho de flare, 

o olho sempre no horizonte muito interno de sol e mar].

__________
*escrevo poéticas em troca de notícias, como esta aqui: 
**isto também poderia ser sobre: Cavity Structural Effect e Cristais Piezoelétricos

2.8.13

a viagem vertical é uma viagem de uma linha só.

uma linha, uma seta.
mover.

o encontro com o interior,
é o lugar só de um.

adentro.
dentro.
o.

...
quando se dirige a seta para dentro de si,
como seria possível viajar com o outro?

.
as setas paralelas não costumam se encontrar.

...
como seria possível o rumo das linhas paralelas, quando movidas para o seu interior?

esse lugar tão particular, 
abismo
peixes abissais
o mar
o olho turvo
o deserto
a areia
o horizonte
suor
dor
amor
o.

......................................

desejo viajar o mar
esse deserto turvo,
e renascer debaixo da areia.
e em linhas paralelas contemplar o horizonte interior de mar.