21.6.08

Para dormir.



...e o que perturba, regressa. Não volta, nem mesmo vem na minha direção.
Apenas me faz lembrar que nunca foi-se, dorme.

O que estava morto dorme.

Fiquei por esses dias pensando - pensamento que retomo seguidamente - sobre os sentimentos, estados de espírito, ânimos, pensamentos adormecidos. Tudo que pode sumir, o que quase inconscientemente esquecemos de propósito. O que colocamos a dormir.

Pensava que, quando posto conscientemente, o que hibernava era na verdade morto, desintegrado como poeira ao vento. E se voltasse, seria sempre outro.
Tende a ser.

Estes dias me apertaram o botão de ligar. Acordei tomada de assalto (surpresa embaçada de quietude). O sentimento revirou-se, fechou os olhos para dormir novamente.
Nunca percebi um acordar repentino que tivesse um adormecer repentino. Se enlaça, desenlaça, cochila, e dorme. Sonha, pensa dormindo. ...se torna ilegível, flutua e some novamente.

Fico sempre pasma ao me dar conta de como aquilo que decidimos (adotamos) - e do que não decidimos (ambos, nunca juntos) - se concretizam.
E do que são sempre sombras.