27.4.09

do vazio / cheio das palavras.


Recebi palavras.

Deveriam significar tudo, mas não.

Primeiro, me pareceram vazias

como as palavras que dizemos por falar.
seja por mal perceber que as dizemos,
seja por achar que devemos dizê-las.

Era como ME pareciam.

Então larguei-me por um instante,

Foi assim que acabei percebendo:
somos dois. o que ele diz, o que eu escuto.

as palavras poderiam ser vazias pra mim, mas não para ele.
as palavras poderiam ser vazias para ambos.
poderiam significar para mim, mas não para ele
[significar o quê? outra árvore se tece].
poderiam siginificar...
poderiam significar uma coisa [e várias] para mim,
e para ele outras [e várias].

estou numa ventania, vários fios esbarram em mim.
posso sentir nos dedos.

16.4.09

Sobre o extremo, uma resposta:

para Maya:

Primeiro pensei que o limbo, diferente do extremo, ficava no meio.

Agora penso: se depois do extremo fico sem lugar
(o extremo me parece à beira, à ponta), onde fico?
Posso viver a vagar, como no limbo.


Onde fica o extremo, se depois de me afastar, fico a perder-me (sem ter retornado) em algum lugar do meio?