21.12.12

entreter o infinito*

... o tempo e a distância às vezes não significam nada.
outras vezes são tudo, porque transformam ou apagam as notícias, os  fatos, sentimentos... ou o que foi dito.

se o texto atravessa a distância da idade de uma estrela, então talvez ele seja imortal.


* Entreter o infinito é um trabalho de uma amiga artista (Mayana Redin) a quem admiro muito.
O trabalho pode ser observado na íntegra aqui: http://www.revistacarbono.com/artigos/01entreter-o-infinito/

10.12.12

me interessam os desertos interestelares...



* parte de obra de Diego Maquieira, exposta da 30º Bienal de São Paulo.
** e vale muito ver o vídeo deste link aqui.  [a ficção sabe mais que a realidade]
*** ele ainda diz [aqui]:
Quiero ser poeta de la Nasa, que es donde se está haciendo lo que deberían hacer los poetas, fotografiar lo desconocido...


um deserto [de Manoel de Barros]

Uma espécie de gosto por tais miudezas me paralisa.
Caminho todas as tardes por este quarteirões
desertos, é certo.
Mas nunca tenho certeza
Se estou percorrendo o quarteirão deserto
Ou algum deserto em mim.



* não tenho a menor ideia de qual livro o texto se encontra.

Mas existe a suspeita de que seja do “Tratado geral das grandezas do íntimo”


7.12.12

as rasteiras silenciosas de amor

são sempre insperadas, um golpe.
desconfigurando o movimento, o rumo, o horizonte.

amor - vertigem


um lapso temporal, sem precedência ou destino.


amor silencioso manifestando-se em voz alta.

vai-se embora tão rapidamente quanto chegou, sem dizer adeus.

adeus, adeus.

vá logo antes que eu sinta saudades.

....................


a rasteira silenciosa é aquela que nada diz,

[exceto: oi, estou aqui. existo em silêncio, e você ouve.]
um arrebatamento para outro lugar, um lapso da vontade.

...

só existimos para o outro quando somos percebidos.
e se eu não desejar ser percebido pelo objeto que desejo
viro redemoinho, abismo de vertigens.

...

ele é inativo como os mares sem ondas
permanente na distância.
mar de profundidade escondida na calma superfície
mar negro - para esconder o sentimento
o movimento que só existe por dentro - somos peixes abissais.

...

abissal é o desejo pelo que não se pode atingir,
desejo pelas profundidades nunca alcançadas
distantes com o horizonte.
miradas como o oásis.

...

mas já não miro mais o oásis.
e não tenho medo de navegar as ondas
de percorrer o instinto faminto de desejar.

o desejo me leva para outros mares.

e se eu levo golpes, é porque evito olhar para trás.