vivo a certeza como um mergulho ornamental para dentro do mar.
não importam os redemoinhos, as correntezas, o repuxo.
não importam as chuvas, as tempestades, as trovoadas em alto mar.
a certeza é um raio em direção a um objetivo
o desejo cego que quem não duvida encontrar.
e percorro o desejo com a força intensa de quem foge da areia-movediça.
a areia que engole os passos, a direção, a vontade, o desejo.
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[descobri que posso ter certeza por muito tempo.
não duvidar mesmo quando duvido, mesmo quando a acidez do deserto ameaça me engolir.]
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quando se tem certeza por tanto tempo, esquecemos onde foi parar a dúvida.
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a dúvida pode viver em cada grão de areia que sopro para longe, dentro de casa.
[já não a vejo, não quer dizer que tenha ido embora].
escondo a poeira da dúvida em muitos lugares, e esqueço que muitas vezes a escondo dentro de mim.
[a bola de dúvidas crescendo dentro do peito pode um dia afogar].
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... como viver a dúvida?
.fantasma da imobilidade, nuvem pesada de não chover.
...
ter certeza da vontade é tão relativo quanto as nuvens de chuva passageira,
que passam sem dar certeza de suas intenções.
a dúvida é o pesadelo dos inebriados da vontade, alienados de que as dúvidas são nuvens.
...
a dúvida-nuvem vive todos os dias, dos ensolarados aos mais tristes.
podem estar distantes, intimidadas pela vontadade solar, pela alegria vontade projetada.
podem ser grandes, obscuras e pesadas; passageiras ou insistentes.
melhor deixar chover.
deixa chover o choro da dor sublimada, do corpo que se rasga de insistir e não percebe,
chover o choro do corpo cansado na travessia no deserto,
chover a nuvem que embaça o olhar, que endurece o coração sincero da vontade.
...
que chovam todas as dúvidas dentro do peito,
para as nuvens se dissiparem com alegria,
para o sol voltar a brilhar no olhar sem nuvens.