28.9.09
olhar ao alto
algumas certezas são como um cilindro bem fino, comprido,
com a base minimamente mais larga e feitos de vidro.
olham o alto e são brilhantes,
mas tremem a qualquer toque.
22.9.09
imagem-nada
20.9.09
Ao rio turvo:
o que existe não existe ao mesmo tempo,
jaz guardado no profundo distante.
Curiosamente é quando lembramos que o esquecido se torna presente, e ao mesmo tempo, turvo.
a memória é algo turvo.
em permenente processo de distorção.
lembro turvamente, e clareando,
ou turvando,
logo vira outro.
o mesmo, mas outro.
então um fato pode ser milhares.
na minha lembrança ou na dos outros - ao mesmo tempo, quase.
na minha lembrança - ao longo dos anos, ou quem sabe mesmo dos minutos.
e quando lembrado, parece um oásis:
tão perto,
quase táctil.
para logo embaçar diante da seguinte pergunta:
era aquilo mesmo?
lembrei de tudo?
?
lembrar de tudo é um sonho no topo da montanha mais alta.
todos sabem o quanto é improvável
e mesmo assim não desistem de tentar.
curisosamente, há tantos caminhos para se chegar lá...
o que levamos nesse caminho?
e talvez, mais importante:
o que perdemos pelo caminho?
às vezes, quando o tocamos [o vestígio da memória] é que nos damos conta do quanto distante estamos do resgaste da origem da lembrança.
como o movimento:
esquecido - lembrar - esquecer.
ou:
esquecer - lembrar - esmiuçar - aniquilar.
.......................................
o rio turvo também é espiral.
levando tudo embora,
quebrando em pequenas partes para engolir o monte indissociável,
arrasta as memórias para o horizonte do mar.
bem à vista, mas inalcançável.
14.9.09
para afogar um amor no rio
aos poucos, uma sentença por vez:
ou: um enterro para a novidade no amor.
[as frases que faltavam,
e muitas outras permanecerão faltando]
- dissonância
- rios paralelos, não se encontram
- os dias em fim
- os dias sem fim
- correr e não chegar
- correr e para sempre correr
- no outro vive o encontro
- desapontar direções
- viver desarticulações
- o que esquecemos de propósito
- esquecer de lembrar
- a memória é onda
- olhar na direção indesejada
- esquecer de desejar a direção
- correspondências extraviadas
- vontades extraviadas
- a vontade é onda
- o fim do deserto
em Red Apple Falls, Smog ainda diz: it's hard...to live...
ou: um enterro para a novidade no amor.
[as frases que faltavam,
e muitas outras permanecerão faltando]
- dissonância
- rios paralelos, não se encontram
- os dias em fim
- os dias sem fim
- correr e não chegar
- correr e para sempre correr
- no outro vive o encontro
- desapontar direções
- viver desarticulações
- o que esquecemos de propósito
- esquecer de lembrar
- a memória é onda
- olhar na direção indesejada
- esquecer de desejar a direção
- correspondências extraviadas
- vontades extraviadas
- a vontade é onda
- o fim do deserto
em Red Apple Falls, Smog ainda diz: it's hard...to live...
13.9.09
da sinceridade nos sonhos.
Você é sincero nos seus sonhos?
(escrito por Jenny Holzer, em uma de suas obras).
talvez esta seja a pergunta mais importante que já ouvi.
Como saber?
Como viver algo que se acredita, uma ilusão criada
[a ilusão que é como uma escada: necessária para subir]
e saber que não são ilusões-enganos?
falsos, não-sinceros.
a persistência não permite questionamentos.
"nunca olhar para trás" seria um indício da sinceridade?
a naturalidade do caminhar não me parece uma resposta.
nem precisa, muito menos justa.
apropriada, mas nem sempre evidente.
seja no turbilhão, ou no denso e tranquilo nevoeiro,
parece-me que a força para uma direção é a resposta.
uma lógica:
a persistência é sempre móvel
[o perigo é que ás vezes é uma criança teimosa].
a força é densa, móvel e imóvel
[essa que possui a sabedoria do tempo].
...
no nevoeiro, frequentemente sinto
uma força densa, branca e condutora.
tão branca que geralmente cega.
[a cegueira se dá apenas na visão?]
o claro e o escuro são muitas vezes irmãos iguais.
então, talvez, fechar os olhos e respirar fundo.
seja o único modo de enxergar.
anos depois, descobrirei o que é sincero.
ironicamente acredito que,
se não for sincero.
perceberei muito mais cedo.
...
uma vez, me disseram:
"se você não se lembra dos seus sonhos,
é porque está fugindo deles."
desde então, lembro às vezes.
10.9.09
9.9.09
7.9.09
afogar - afundar
O afogamento como estratégia de sublimação.
porque não enterrar?
não sujarei os dedos, não cavarei nem um centímetro.
amarrarei pequenas pedras nos desejos frustrados.
nos insucessos.
um dia, quem sabe,
venham a se desamarrar sozinhos
para emergir no lago que já foi há muito abandonado.
a estratégia tem a seguinte metodologia:
Pequenas ações delicadas para a indiferença.
a indiferença, como toda boa não-ação
guarda crueldade desde a raiz.
1.9.09
para uma revolução-resolução no espaço-tempo
curto e tão longo.
construir a compreensão juntando as partes fluídas.
evidências que emergem no tempo.
transcorrer...
as peças têm pontas diversas, se encaixam de variadas formas.
viver o entendimento, sem o tempo,
pode ser a única forma de entender.
construir a compreensão juntando as partes fluídas.
evidências que emergem no tempo.
transcorrer...
as peças têm pontas diversas, se encaixam de variadas formas.
viver o entendimento, sem o tempo,
pode ser a única forma de entender.
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