20.9.09
Ao rio turvo:
o que existe não existe ao mesmo tempo,
jaz guardado no profundo distante.
Curiosamente é quando lembramos que o esquecido se torna presente, e ao mesmo tempo, turvo.
a memória é algo turvo.
em permenente processo de distorção.
lembro turvamente, e clareando,
ou turvando,
logo vira outro.
o mesmo, mas outro.
então um fato pode ser milhares.
na minha lembrança ou na dos outros - ao mesmo tempo, quase.
na minha lembrança - ao longo dos anos, ou quem sabe mesmo dos minutos.
e quando lembrado, parece um oásis:
tão perto,
quase táctil.
para logo embaçar diante da seguinte pergunta:
era aquilo mesmo?
lembrei de tudo?
?
lembrar de tudo é um sonho no topo da montanha mais alta.
todos sabem o quanto é improvável
e mesmo assim não desistem de tentar.
curisosamente, há tantos caminhos para se chegar lá...
o que levamos nesse caminho?
e talvez, mais importante:
o que perdemos pelo caminho?
às vezes, quando o tocamos [o vestígio da memória] é que nos damos conta do quanto distante estamos do resgaste da origem da lembrança.
como o movimento:
esquecido - lembrar - esquecer.
ou:
esquecer - lembrar - esmiuçar - aniquilar.
.......................................
o rio turvo também é espiral.
levando tudo embora,
quebrando em pequenas partes para engolir o monte indissociável,
arrasta as memórias para o horizonte do mar.
bem à vista, mas inalcançável.
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