29.10.12

o relógio é um ser sozinho

existem os relógios sincronizados e existem os relógios que não se comunicam.

ou você está, ou você não está.


não existe um quase, um meio, um talvez.


até parece que não existe o tempo da dúvida,

o tempo da falha.
o engano,
o olhar enevoado.

... às vezes, um dos relógios quebra.

seu funcionamento evade como névoa levada pelo vento,

o pó soprado em nossos olhos.

meu ponto referencial parou.

olhou para o outro lado,
não está.

não importa os porquês

não importam as baterias recarregadas,
já não caminham mais juntos.

existem tantos caminhos quanto existem relógios.


[mas não posso trocar o meu ponto referencial como quem troca a pilha]

a pilha é a ofensa a alma dos relógios.

...

qual a diferença dos relógios, se eles contam o mesmo tempo?


no mesmo passo,

a mesma busca.

importa a estrada.


o mesmo horizonte

o mesmo vento
os mesmos ruídos.
o mesmo cansaço
a mesma preguiça
a mesma raiva,
o mesmo ardor.
o mesmo calor
os mesmos olhos,
o mesmo tato.

a tatear a estrada invisível de tempo.


a tatear as distâncias e proximidades invisíveis de quem está lado a lado,

mirando o mesmo horizonte oásis.

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