Orbitar.
Viver um mesmo trajeto, caminhar.
Todos os ciclos os mesmos, e tão diferentes.
[os planetas têm um jeito irônico de caminhar, de evoluir.
em loopings, revendo as estrelas, revendo tudo o que deixaram para trás].
...
E existem os planetas errantes.*
os planetas errantes são feitos de nuvens interestelares.
[nebulosa mente e estrelas].
não cercam as estrelas solares, não sabemos para onde estão indo.
parece que erram, porque abandonei meu ponto referencial.
...
viajar, vagar.
percorrer indistintas paisagens enquanto busco o meu horizonte-oásis.
...
quantos planetas existem na minha órbita?
quantos outros perseguem a minha mesma nebulosa constelação?
as estrelas, são pontos referenciais.
e se eu negar as estrelas, como enxegar o trajeto, como não me perder na poeira das galáxias,
na noite negra de infintos mistérios e silêncios....?
se não tenho iguais, estarei perdido?
caminho sozinho como o lobo solitário que devora todas as estrelas em seu caminho.
e minha órbita é tão imensa que ninguém é capaz de enxergá-la.
[quando ninguém entende o meu caminho, parece que fico a esmo].
ficamos a esmo quando duvidamos,
quando não enxergamos o redor,
quando tudo é névoa nos olhos e poeira no estômago.
...
mas não enxergar é a qualidade dos saltadores.
o saltador é aquele que fecha os olhos sem tremores.
[os temores existem, mas falam baixinho e esquecem de saltar junto].
é aquele que vive a vertigem de um trajeto não realizado.
a vertigem de um horizonte distante escondido embaixo do salto ornamental.
no mar de estrelas onde me perco.
na areia da terra que piso tão fina que me atravessa.
...
não tenho órbita, sigo o desejo, viajo os desertos e as galáxias.
* tenho reparado um frequência fonte de inspiração em fenômenos naturais inesperados, inusitados.
como o planeta CFBDSIR, aqui.
6.11.12
as viagens verticais
As viagens transcorrem
sempre por dentro da própria pessoa.
*Enrique Vila-Matas em Ar de Dylan, Cosac Naify, 2012.
** o título refere-se a outro livro de Vila-Matas: A Viagem Vertical, Cosac Naify, 2004.
*Enrique Vila-Matas em Ar de Dylan, Cosac Naify, 2012.
** o título refere-se a outro livro de Vila-Matas: A Viagem Vertical, Cosac Naify, 2004.
trabalhar em silêncio
sou formiga ruminante.
trabalhando todos os dias, em silêncio,
devorando lentamente os territórios ao redor.
lentamente.
quando o tempo discorre em ansiedade tudo parece lento ao redor.
às vezes a vertigem não se dá pelo movimento brusco,
mas pelo excesso da tentativa de observar o que discorre lentamente.
...
esqueço-me que ruminar é um processo.
é caminhar todos os dias na direção do desejo.
é sossegar com a mudez,
devorar com os olhos e com o pensamento.
é digerir criando.
desenhando a paisagem de viver
habitando o sonho, a busca, todo o horizonte.
criando - construindo o solo para cada próximo passo na ponte de estrada vertigem.
[pois caminhar é a parte invisível do salto].
ruminando-digerindo-criando.
até todo o alimento virar apenas uma voz.
que soará tão alta
a atravessar os desertos, os mares, as estradas, as vertigens.
até o horizonte mar.
trabalhando todos os dias, em silêncio,
devorando lentamente os territórios ao redor.
lentamente.
quando o tempo discorre em ansiedade tudo parece lento ao redor.
às vezes a vertigem não se dá pelo movimento brusco,
mas pelo excesso da tentativa de observar o que discorre lentamente.
...
esqueço-me que ruminar é um processo.
é caminhar todos os dias na direção do desejo.
é sossegar com a mudez,
devorar com os olhos e com o pensamento.
é digerir criando.
desenhando a paisagem de viver
habitando o sonho, a busca, todo o horizonte.
criando - construindo o solo para cada próximo passo na ponte de estrada vertigem.
[pois caminhar é a parte invisível do salto].
ruminando-digerindo-criando.
até todo o alimento virar apenas uma voz.
que soará tão alta
a atravessar os desertos, os mares, as estradas, as vertigens.
até o horizonte mar.
o deserto esconde e releva, como a memória
Não sei
quantas voltas ao mundo possa ter dado nessas semanas sem horas, náufrago de um
horário desnorteado que me lembra quando adoecia na infância e o ar era imortal
então, aqueles dias que logo voltaram para mim porque talvez nunca tenham ido
completamente, estiveram sempre aqui, como um valioso tesouro enterrado no mais
fundo da última gruta do deserto.
*Enrique Vila-Matas em Ar de Dylan, Cosac Naify, 2012.
3.11.12
escrever, desaguar.
....e, no
entanto, poucas coisas parecem tão intimamente ligadas como o fracasso e a
literatura.
*Enrique Vila-Matas em Ar de Dylan, Cosac Naify, 2012.
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