1.1.14

as rotas afetivas


Como se dá a descoberta [e a permanência] de uma rota afetiva?

Talvez seja apenas o olhar atento ao passo insistente.
[e ainda que o caminhar cotidiano possa nublar esse olhar,
em dias amenos ele se revela com intensidade solar].

Para mim, a construção da rota levou a minha [ainda jovem] vida inteira.
tantas vezes espaçadas em tantos anos, 
uma rota perdida rotas, em dias, em experiências, em viver.

só depois de abandonar o cotidiano desta cidade, 
em retornos breves, 
é que pude perceber na insistência do passo errante,
nostalgico,
[mas também como aquele que caminha para pensar*]
sempre a mesma forma que o corpo risca:

esta é enfim, a forma da minha rota afetiva,
o traço do meu corpo em minha cidade natal.

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*citação do querido viajante Enrique Vila-Matas, em Doutor Pasavento:
"O que na realidade fazemos quando caminhamos por uma cidade é pensar."


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