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"Aqueles que não tinham coragem para se conportar com tal leveza, aqueles que se importavam, que sentiam profundamente, em outras palavras, perdiam-se na confusão. Ninguém notava seu desconforto. Simplesmente não existiam."
Henri Miller - O Mundo do Sexo.
Fiquei pensando no turbilhão agitado confinado em um corpo silencioso. Como o silêncio pode ser um grito, um desepero contido apenas por não saber em que direção ir, já que tantas são as direções. Ou melhor, pode haver tanto a dizer.
Assim: por causa de um(s) movimento (grande, rápido), ficamos parados. Não saímos do lugar.
Tudo geralmente também é nada.
Como podemos não existir para os outros?
Quero dizer, uma outra pergunta: pode haver uma ação para não existir?
Deve-se deixar claro, o conceito de não existir é muito diferente do conceito de ausência.
Resolverei não existir para os outros, e ainda assim continuarei existindo.
De certa forma, não existe domínio para a própria existência:
"Ainda que nunca mais a veja, é livre para pensar nela, falar com ela em seu sonho, amá-la, amá-la à distância, amá-la para todo o sempre. Ninguém pode lhe recusar isso. Não, ninguém."
O máximo que consigo é estar ausente. Tenho partes soltas no mundo.
Mas estas partes, misturan-se às outras pessoas, ou pelo menos à idéia que estas fazem de mim.
Sou eu e também não sou.
Por outro lado, não existir é da ordem do involuntário, é sofrer indiferença.
Uma outra solução, é que os outros não existam para mim.
Se eu jamais pensar neles, eles nunca pensarão em mim.
A partir desta ação posso traçar todo um plano para não-existir.
Isto exige determinação, nunca olhar para trás.
Posso não ter controle sobre o meu próprio olhar, e aí, tudo estará perdido.
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