30.3.09

O nó das coisas.


"Encontrei ali o texto
O nó das coisas e uma frase me chamou atenção. Dizia que não tínhamos medo de morrer, mas sim de perder o laço com as coisas pelas quais tínhamos afeto."
(em algum lugar, num site. sobre o livro: Antoine de Saint-Exupery por ele mesmo)

pensei na angústia de ver um sentimento morrer.
e ficar olhando-o derramar-se, sendo absorvido pelo chão sem retorno.

às vezes, esse tipo de angústia é paralisante.
outras vezes, o desejo viver (o sentimento) e tão mais forte,
que aparentemente não fazemos nada a respeito.


não fazer nada pode ser a total diferença.

23.3.09

In Limbo

(para Radiohead)

Ruídos horizontais e verticais. E outros à beira do invisível.
Uns caminham tranquilamente. Outros cortam. Finos, curtos e densos.

Combinam-se.

O corte é
repentino,
abre a fenda,
chama para a profundidade.
mas não agride.

tenho a voz que perdura pela eternidade dos meus ouvidos.
A onda não pára de se propagar,
volta e reafirma.

Entra na ferida.
a voz revela outros estados, no mesmo.

O limbo tem a calma de um mundo sem limites precisos,
a calma do que vai até aonde a vista alcança.

mas também é o espiralado redemoinho onde nos perdemos...
tranquilamente, entregues.

9.3.09

outra reflexão, do vazio.


Ele também pensou no vazio:

"E isso porque o vazio sempre foi minha preocupação constante; e eu considero que, no coração do vazio, assim como no coração do homem, as chamas ardem."
Yves klein - Chelsea Hotel Manifesto, 1961.

e ele falou muito do imaterial e algumas vezes do espaço.
e do espaço vazio.

o que me levou a pensar que o vazio é ocupado por muitas coisas, diversas.
[em diversos espaços e em diversas temporalidades].

pra mim, a questão mais interessante,
muito além de ocupar o vazio
é, num vazio já ocupado, distinguí-lo.

exercício de regular o foco.

mas me parece que, toda vez que se regula o foco,
diversas presenças são acobertadas de neblina.

assim, regular o foco é como regular a presença,
ao tornar algo mais perceptível, uma escolha.

me interessa ainda mais o que é deixado na neblina.

6.3.09

encontro sem sair do lugar:


"Descobrirão, a partir das coisas ordinárias, o sentido de ser ordinário. [...] No entanto, a partir do nada, vão inventar o extraordinário e então talvez também inventem o nada."
Allan Kaprow - texto: O legado de Jackson Pollock.

O encontro também pode ser uma descoberta,
um novo olhar.


s/ título


"A própria concepção habitual do quadro deve ser abandonada; o espaço-superfície só interessa ao processo auto-analitico como 'espaço de liberdade'.
E também não deve preocupar-nos a coerência estilística, pois nossa única preocupação possível é a pesquisa contínua, a contínua auto-análise, com a qual, apenas, podemos chegar a fundar morfemas 'reconhecíveis' por todos os âmbitos de nossa civilização."
Piero Manzoni, em 1957

Depois, Allan Kaprow disse algo sobre sermos simplesmente artistas, e disse: "Tudo na vida estará aberto para eles."