1.3.10

o equilibrista.


não saber como ficar no meio caminho entre o amor e o não-amor é como não saber as instruções para perder-se.
é estar errante na neblina, que torna todas as paisagens as mesmas.
no entanto, podem ser os olhos embaçados...

pena para o equilibrista.
passos lentos e calculados que não permitem a gravidade da densidade.
e sempre cruzando, acaba chegando ao destino que é o mesmo do ponto de partida.

a ideia de voltar nada tem de estimulante.
melhor descer as escadas, exercitar a sagacidade.
descendo, terei muitas ruas para cruzar,
e ficarei triste pois as tentativas nada têm de arriscadas.
Aparentemente.


Atenção:
caminhante invisível caça indisfarçáveis grãos de areia para carregar.

Depois, enquanto equilibrista, irá despedir-se lentamente dos grãos.
Não porque a praia o agrade,
[os oceanos lhe acalmam, só que por vezes causam uma melancolia profunda]
mas porque ela pode lhe escapar aos poucos.


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