6.3.10

no name

nobody can call me by my name é o nome de uma obra que eu vi na primeira bienal do mercosul a qual fui. devia ser a segunda, creio que eu tinha uns 16.

visualmente, a obra tinha algo de tosco e displicente.
no entanto, o nome me atingiu como um raio: certeiro e profundo.
e até hoje não sei explicar o porquê.

talvez o fato de lidar com algo inominável, pelo sentido e no contexto em que me atingiu; ou pela força da imposição: ninguém pode me chamar pelo meu nome, me deixasse num misto de paralisia e fascinação.
um nome destes, ironicamente, me parecia ter um tom muito pessoal, apesar da obra se constituir de algumas esculturas repetidas, sem forma definida.
o título, soava como uma voz vinda por trás dos meus ouvidos: você não pode me chamar. sou um raio distante, indescrítível, intangível. cegante.

curiosamente, nunca tive uma necessidade de me entender com isto. como se a força desta obra residisse no fato de não compreendê-la por completo.
é pela força desta onda que eu ainda lembro, a incompreensão que ainda repercute em mim.

...

existem alguns fatos e pessoas que passam pela nossa vida com esta mesma força: paralisia, fascinação e incompreensão.
a tentativa de elucidá-los os torna mais fortes.
a capacidade de estar em paz com eles me provoca um sorriso no fundo dos olhos.


no fundo, eles não podem me chamar pelo meu nome.
não me conhecem.
e curiosamente, é pela incompreensão que os conheço tão bem.



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