19.7.10

I'm a victim of this song *


Não sei dizer o que me afeta mais no trabalho de Pipilotti Rist:
Os vídeos já são algo tanto densos
[e contém o aúdio, talvez ainda mais marcante],
Os títulos...
uma frase que fala de um corpo de trabalho,
e de um corpo de sentimentos em mim.

ser vítima daquilo que assistimos como algo que nos afeta interiormente.
irradiando de um ponto para todo o resto.
o estranhamento como arma que perfura.
hoje começou nos tímpanos,
e percorreu lentamente todo o sistema sanguíneo.

começou me fazendo pensar que sou exatamente o oposto do que ela prega:
[e no entanto me reconheço tanto nas imagens]

I'm not the girl who misses much*

[...]
quando olho para a espera,
torturando-me na espera que não precisa existir
que é menos real do que faço ser...

porque insistimos em certas expectativas que sabemos não serem importantes?

o que isso denota?

penso que quando olhamos tanto para algo que não importa "tanto assim"
algo mais importante falta para ocupar aquele preciso lugar.
...
para se ocupar um lugar preciso é preciso possuir certas características específicas.

então, enfim, há alguma importância.
nem que seja a seta que indica um vazio.

I'm a girl who misses much.
but not "the" girl.

e às vezes, posso bem ser como ela.
[aquela que insiste: I'm not...]

......................

Pipilotti Rist também canta Wicked Game.
sem voz apropriada,
e a voz de uma criança canta que gritando.
que canta com as entranhas,
canta alto para ser ouvida.
ou para se ouvir.
como se o grito fosse a afirmação mais firme.

And I wanna fall in love
No, I don't want to fall in love
With you
...
I never dreamed that I'd love somebody like you
I never dreamed that I'd lose somebody like you

...
não me parece necessário desvendar o sentido de uma criança cantando uma canção de amor.
interessa o grito
alto para ecoar o universo
alto a quase rasgar-lhe por dentro.

sim,
sou vítima desta canção
e de tantas outras mais.


* Títulos de trabalhos em vídeoarte de Pipilotti Rist.

2 comentários:

Anônimo disse...

bonito...
varias coisas, ne?

esses lugares amplos vagos e perdidos. e essa palavra amor.

maya

Priscilla Zanini disse...

sim, viver no limbo espiral do amor e da vida e das traduções e dos encantamentos é algo que me fascina.

beeijo!