22.11.13

o atordoamento da imagem




















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*série de fotomontagens que fiz recentemente. puro exercício para o projeto o teatro da memória. nov, 2013.
brincadeiras narrativas - expansão do sentido - apagamento - desordem.


23.10.13

meu abismo será um radar

[ou: Um desenhinho para Vila-Matas]



Ainda não li o novo livro* de Enrique Vila-Matas (ainda estou acabando outro, e são tantos livros pausados esperando...) no entanto, comprei este com urgência, pois sabia que o tema era por demais especial. Daniel Pelizzari confirma isto em trecho da apresentação do livro, onde nos diz:

"...Vila-Matas estende uma corda para equilibristas que não parecem tão interessados na travessia, mas sim em mergulhar em si mesmos, explorar o vazio, desaparecer no abismo que é a vida cotidiana."

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*Exploradores do Abismo de Enrique Vila-Matas foi lançado pela editora Cosac Naify neste ano, 2013.

16.10.13

into the hole of space




En efecto, creo que fotografiamos no para recordar sino para olvidar. Si la memoria es como el firmamento, cada foto actúa como un agujero negro, absorbiendo y colapsando todos los recuerdos.
Joan Fontcuberta


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*Fotografia também de Joan Fontcuberta: Starfighter, 2001, da série Pin Zhuang.

deserto de areia e maresia no olhar


DESERT SAND

Fall back
All out of words
Too busy trying to save them for the truth.
So brutal the nights they are.
I couldn't sleep the streets were oh so cold.

To die, to be asleep.
We'll have the darkness to the roaring sea.
So foolish I know you are,
To take a walk and never so much stars.

And then I start to dream
But I can't read directions in my sleep.
The sun comes with the tide
And it's so beautiful I close my eyes.

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*Desert Sand é Beach Fossils no EP Daydream
[clique para ouvir]

24.9.13

Paul Auster's case: a man in circles














    


 

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* Os desenhos foram inspirados em uma pequena história contada por 
Paul Auster no livro The Invention of Solitude, Penguin Books, 2007, págs. 83/84.


1.9.13

deserto [pele] invernal

WINTER SKIN*
[clique para ouvir ... and sing to sleep]

Let's build a couple fragile of bridges together 
Let's run across it and reach the sky 
Let's run across and meet the next hazel sunrise 
It's a sign of failure written all over these lonley skies 
and our fortune has created time 
Time of exsiting in a begining 
so today the sun refused to shine 

Sing me to sleep 

Oh my darling, your eyes 
refused to catch my tear 

Sing me to sleep 

Let's build a kingdom in the desert 
and jump up and down when it rains 
and jump up and down the next time it shall rain 
There's only five winds owned by the holy gods 
our gods that obey 
the soil soaked from the sweat dripping down the weeping ol' willow 

Winter is here 
Winter is here 

and she is glowing  
with her light 
embracing her strength with her final bite 

Winter
winter
winter is here

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*Winter Skin é Y La Bamba no álbum Alida St.

31.8.13

a urgência e a noite do deserto

[é uma ficção sobre o deserto. não é o meu deserto. 
mas existem tantos desertos como existem pessoas].


Your Soul and Mine*
[clique para escutar]

Standing in the ruins
Of another Black man's life,
or flying through the valley
separating day and night.
"I am death," cried the Vulture,
"For the people of the light."

Charon brought his raft 
from the sea that sails on souls,
And saw the scavenger departing, 
taking warm hearts to the cold.
He knew the ghetto was the haven 
for the meanest creature ever known.

In a wilderness of heartbreak 
and a desert of despair,
Evil's carrion of justice 
shrieks a cry of naked terror.
He's taking babies from their momas 
and leaving grief beyond compare.

So if you see the Vulture coming, 
flying circles in your mind,
Remember there is no escaping 
for he will follow close behind.
Only promised me a battle, 
battle for your soul and mine.


* Your Soul and Mine é uma canção de Gil Scott-Heron no álbum I'm New Here.

28.8.13

In the desert you can't remember your name

A Horse With no Name*
[clique pra escutar]

On the first part of the journey
I was looking at all the life
There were plants and birds and rocks and things
There was sand and hills and rings
The first thing I met was a fly with a buzz
And the sky with no clouds
The heat was hot and the ground was dry
But the air was full of sound

I've been through the desert on a horse with no name
It felt good to be out of the rain
In the desert you can't remember your name
'Cause there ain't no one for to give you no pain
La, la, la, la, la, la, la, la, la.
La, la, la, la, la, la, la, la, la. 

After two days in the desert sun
My skin began to turn red
After three days in the desert fun
I was looking at a river bed

And the story it told of a river that flowed
Made me sad to think it was dead

You see I've been through the desert on a horse with no name
It felt good to be out of the rain
In the desert you can't remember your name
'Cause there ain't no one for to give you no pain
La, la, la,
 la, la, la, la, la, la.
La, la, la, la, la, la, la, la, la.       

After nine days I let the horse run free
'Cause the desert had turned to sea

There were plants and birds and rocks and things
there was sand and hills and rings
The ocean is a desert with it's life underground
And a perfect disguise above
Under the cities lies a heart made of ground
But the humans will give no love

You see I've been through the desert on a horse with no name
It felt good to be out of the rain
In the desert you can't remember your name
'Cause there ain't no one for to give you no pain

La, la, la, la, la, la, la, la, la.
La, la, la, la, la, la, la, la, la. 

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* A Horse With no Name é uma música do primeiro álbum da banda britânica America, em 1971.


11.8.13

o encontro desaparecimento

[ou: por uma arqueologia interna submarina]




a arqueologia:
há pirâmides no deserto como no mar:
* Foram descobertas pirâmides de cristal no triângulo das bermudas. 
se o triângulo é potência, a pirâmide é catalisadora de energia. 
Se pode sincronizar o tempo dos relógios, poderia dessincronizar o mar?
seu vórtice é redemoinho, engole os navegantes da tensão superficial.
...



submergir para o encontro:

a pirâmide que tem a base na terra mais profunda, envolvida nesse ar turvo,

nesses mares de densidade inexplorada.

somente os peixes abissais e suas lanternas solitárias conseguem navegar.


os navegantes das superfícies são distraídos em alegria

na falta de profundidade que só a leveza mais ensolarada e inocente pode habitar.
navegantes que procuram o sol se esquecem de olhar para a densidade desconcertante desse mar.

cegos de sol, esquecem daqueles redemoinhos muito internos que nos sugam para dentro de si.

.....................................



a ponta da pirâmide é o princípio do redemoinho.
a espiral que turva os olhos cegos de sol,
esquecidos de olhar para a profundeza muito azul de melancolia e mar.

o mar.
aquele horizonte tão distante.
a luz contra o olho, flare de amor e ar.

...


se eu for abduzida para o meu íntimo,

como retornar?
[o fôlego tem a vida curta, o ar e a vida estão na superfície solar].

...


se há pirâmides no mar como no deserto,

há o oásis no mar?
[a cura do deserto é uma ilusão].

mas, antes de tudo, navegar.

a busca deve ser tão ensolarada quanto profunda.
não importa se caminho os desertos, não importa se navego a profundeza  inteira,
o encontro existe mesmo dentro do olho mais turvo.

[quero ser peixe abissal de olho de flare, 

o olho sempre no horizonte muito interno de sol e mar].

__________
*escrevo poéticas em troca de notícias, como esta aqui: 
**isto também poderia ser sobre: Cavity Structural Effect e Cristais Piezoelétricos

2.8.13

a viagem vertical é uma viagem de uma linha só.

uma linha, uma seta.
mover.

o encontro com o interior,
é o lugar só de um.

adentro.
dentro.
o.

...
quando se dirige a seta para dentro de si,
como seria possível viajar com o outro?

.
as setas paralelas não costumam se encontrar.

...
como seria possível o rumo das linhas paralelas, quando movidas para o seu interior?

esse lugar tão particular, 
abismo
peixes abissais
o mar
o olho turvo
o deserto
a areia
o horizonte
suor
dor
amor
o.

......................................

desejo viajar o mar
esse deserto turvo,
e renascer debaixo da areia.
e em linhas paralelas contemplar o horizonte interior de mar.


22.7.13

a falta de ar amor

chorar é despir-se.
deixar esvair,
transbordar,
transpirar.

é o olho gritando a pele ardida,

a falta de ar que é o suspiro e o engasgo.
é a dor que custa a sair,
o nó dentro da garganta ,
soluço dentro do peito.

o choro vem depois da falta de ar desde o dia em que nascemos.

eu choro pra respirar,
pra pensar sentir pensar
pra trocar cada lágrima por um raio turvo de sol.

turvo é o olho daquele que chora.

turva o oho para poder enxergar dentro.
pra secar a ferida
pra drenar o resto de amor.

pra aquele amor inflamado

inflado de fogo e pesar,
possa virar cinza,
possa virar poeira.

que vire ar.

leve dentro do peito antes ardido,
lavado de choro
lavado de chuva
vá embora devagarinho
aquele raio turvo inalcançável
flare de amor perdido.

20.6.13

amar é ato de um fôlego só.

amar também é um mergulho.

todos os mergulhos requerem amor,

e o desejo que é a vontade profunda.

...


é possível viver o amor sem o mergulho?


a menos que ele chegue devagarinho...

sem querer
sem perceber
sem esperar.

...

é melhor mergulhar enquanto estou vendada.
.

assim não respiro todas as inseguranças.

todos os bloqueios
todos os receios.

...

amar merece ser o mergulho de um fôlego só.
pra engolir o outro com toda intensidade.
virar casulo e voar.

porque se o amor não voa ele é frágil.

de tudo o que poderia ter sido e não foi.
de tudo o que tive medo de ser.

se os dois não souberem voar,
não saberão voar junto
e ficarão quietinhos vendo o outro desaparecer embaixo da terra.
desaparecer para ir a outro lugar.

...

minhas mãos são asas
que seguram e abraçam leve
o ar na ponta do pulso,
o impulso na ponta da abraço.
a vontade projetora propulsora.
leve de ar................................

o fôlego tem o tamanho da distância do mergulho.

depois dele vou me perder no outro
embaçar o olhar
que mira o horizonte tão distante das nossas linhas paralelas.


30.3.13

o vazio que é o eco.

uma imagem:
uma pessoa com todas as qualidades para não cantar.

tem timidez.

não tem disciplina.
não tem afinação,
tem ansiedade.
não respira bem
não sabe bem marcar, falar, projetar o som ao longe.

no lugar da garganta

tem um vazio.

[o vazio tem tantos tipos quanto funções]


o vazio de tudo o que se recusou a funcionar e de lá foi embora;

o vazio de todas as frustrações extraídas, aquele das vontades que não germinaram.
o vazio da comunicação não exercida, a fala muda da falta de inspiração.

mas a canção não começa na garganta.


começa no coração alegre, na dor que percorreu todo o corpo.

[e a projeção é antes de tudo mental].

...


outra imagem:

o vazio é uma caixa acústica.
uma caixa interna de vibração e eco.

o vazio é é bomba pulsante.

[se torna vontade propulsora].
e a vibração é a melodia que começou no corpo todo.
no corpo alegre de querer projetar a sua voz ao mundo todo.

e canta, mesmo sem respirar bem pra marcar, falar, projetar o som ao longe.

canta porque a canção começou na alegria e vontade muito intensas,
na frequencia descompassada que é o desejo.

dentro do corpo,

dentro da mente, um salto.

o salto de quem canta a partir do vazio.

a ausência que vai potencializar todo o preenchimento,
da caixa em que cabe todo o desejo do corpo,
a ser emitido em alta frequencia, 
derramado em todos os gestos, todas as palavras entoadas, todas as vontades germinadas.