29.1.12

o deserto estético é morno.

Para o cinema francês, os anos 1970 teriam sido a década pós por excelência: pós-Nouvelle Vague, pós-68, pós-moderno. Sem um corte profundo, um movimento, uma escola: quase um deserto estético. Não sabemos no que essa década antecipa os anos 1980. Saberemos mais tarde o que ela terá prefigurado. Enquanto espera, é preciso tentar uma descrição: nem a frio nem a quente: a morno.

*Serge Daney. A Rampa: Cahiers du Cinéma, 1970-1982. Cosac Naify, 2007.


O deserto é ausência, é limbo.
É morno porque próximo da condição de não sentir, de estar anestesiado.
anestesiado é não sentir, não perceber, não ver.
mas é também hibernar.
[enquanto hiberno acumulo toda energia de que precisarei depois...]

O deserto tem tons pastéis porque nada tem destaque no limbo.
E assim poderemos dormir em espiral nos dias mornos...

Atravessar o deserto é como viver no oásis.
Como um sonho onde toda energia gasta se renova ao acordarmos.

O limite do deserto. ponto de partida.
A fronteira do deserto - ponte para o salto.


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