Serge Daney comenta sobre alguns grandes cineastas franceses*, nos anos 70 (segundo ele, um período-deserto):
...eles jamais pararam de filmar. Melhor: jamais pararam de experimentar.
[...]
tais autores souberam cosnstituir sua própria máquina de produção, ou, como diz Rivette, seu "microssistema". Uma máquina de produzir um filme, mas sobretudo de produzir a posssibilidade de outro filme, em seguida.
[...] 2x
eles pensaram "small is beautiful";
eles estiveram, para retomar a bela expressão de Deleuze, "muito povoados do interior de si mesmos".
e ainda:
O que caracteriza essas máquinas tão diferentes umas das outras não é seu tamanho (em geral, elas são pequenas), é que são máquinas que permitem desvios.
Quero tornar-me homem-máquina,
meu interior é o deserto onde hiberno.
No interior do deserto as dunas são desvios,
como linhas originais
que extrapolam o corpo-máquina, para o horizonte.
Serei a minimajor do sonho,
construirei os passos para o exterior,
onde a paisagem é orgânica e feroz
feroz como a fome criativa
a faísca que produz os desvios que me levam naquela direção tão turva, e tão clara.
A paisagem é sonora e color.
e o mergulho desviante é linha de percurso.
...
o que ele quer dizer, também, é que:
Porque a verdadeira riqueza é o tempo, o tempo que um artista precisa para trabalhar um material, para acumular experiência.
* Godard, Vecchiali e Rohmer, mais especificamente.
** Fonte: Serge Daney. A Rampa: Cahiers du Cinéma, 1970-1982. Cosac Naify, 2007.
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