13.3.13

O nós das coisas II

Hoje,  por vias tortas* reencontrei o seguinte texto:

O nó das coisas


E fiquei pensando na maravilha inesperada que é ver um texto ainda fazer tanto sentido, tanto tempo depois.


Não é a mesma ocasião

Não é o mesmo acontecimento.
Não é a mesma pessoa que está vivendo, olhando, pensando.
Não é o mesmo sentimento.

é o mesmo sentido-sentimento, 

é ser.
ainda ser aquela pessoa.

é porque as angústias nunca se esvaem totalmente.

ou quando esvaem, um dia retornam,
[tudo gira, gira, afinal.
mudamos e ainda somos o mesmo.]

embaixo de outro rosto.

de outra sombra, de outros porquês.

e agora?

e se o texto me diz: dar um tempo.

...

dar um tempo pra entender.
pra viver, decidir, aceitar, transformar, mudar na mesma direção.

ou...


não. nem isto, nada disto.


A resposta que é a dúvida.


Uma vez me disseram: viva a dúvida.


...viver, perguntar dentro, observar, sentir.

Nem tanto entender, quanto: perceber.

...

Tem passos que são para trás.
Outros são parados, paralisados.
[o olho muito vivo de olhar fixamente na direção relaxada das coisas].

às vezes prefiro ser cega.

olhar com a nuca enquanto vou caminhando embora.
outras vezes,
enquanto não percebo vou caminhando na direção outra das coisas.

e eu às vezes não sei se caminho para me encontrar ou para me perder.


e tudo o que tenho são meus olhos muito vivos de procurar perceber,

apesar do coração em nuvens.

___
*por vias tortas: dizem assim: deus caminha certo mesmo que por vias tortas, ou, ele escreve certo por linhas tortas.
Em outras palavras, reecontrar um texto que tinha tanto a me dizer hoje foi providência divida, ou, uma coincidência algo assombrosa.


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