porque os traços passados também são passos acumulados.
sofrem adquirindo peso,
testam a tensão superficial.
a superfície de oceano não nos deixa deslizar.
patinar no mundo com a alegria
de não perceber cada grão de areia acumulado no passeio de viver.
o oceano de águas calmas só nos permite caminhar.
tocando cada centímetro com cuidado
percebendo muito bem todo o universo entorno.
...
mas tanta atenção dada acima da superfície mal nos deixa enxergar o que há embaixo dela.
os mares profundos, oceanos densos de nevoeiro.
o nevoeiro profundo, grave e abissal.
com todo o peso das coisas não ditas,
o mar profundo é silencioso.
um silêncio não vazio, um silêncio mudo.
oceano nevoeiro.
turvo de tudo o que não queremos ver, não queremos sentir, não queremos ver.
pela falta de admitir, pela falta de olhar para si.
em mares profundos, é melhor ser peixe abissal.
com suas lanternas que percebe para onde navega, sempre buscando a sua luz.
a luz que não está em nenhum outro lugar além de si.
...
o peixe abissal vive apenas nas profundezas, não pode subir a superfície.
[a problemática dos relacionamentos].
mas protege o profundo, lança luz às densidades.
[um desejo:]
seus raios de luz chegam à superfície sem tocar a tensão,
lançando luz ao caminhar cego de tatear,
iluminando a passagem dos dias,
pulverizando os grãos dos dias caminhados no ar.
para que a escrita seja escrita de luz.
comunicando os mares graves e as águas calmas de ser.
leve como a poeira que a revela, que a compõe.
*aquele fenômeno que estudamos na escola, que nos conta sobre a habilidade dos mosquitos pousarem na água.
[ser leve demais e não romper o hímen da água].
[ser leve demais e não romper o hímen da água].
**uma questão, talvez sintomática do ser: para algumas pessoas, o punho dói por escrever de forma leve-constante. e só quando escrevemos com a mão pesada é que o punho para de doer.
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