Quem luta com monstros deve velar para que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.
Friedrich Nietzsche*
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o abismo te olhando nada mais é que o teu desejo pelo abismo.
o abismo é as vezes como a medusa para quem não podemos olhar.
ou podemos olhar por apenas alguns segundos.
os segundos necessários para compreender.
o seu abismo particular.
que é o seu buraco, que é o seu vazio.
é no vazio interno que temos todas as dúvidas, todas as amarguras, todas as próprias incompreensões guardadas.
o abismo é a medusa que pode te petrificar.
mas é também o mar de sensibilidade, o nosso poço mais profundo, reservatório de quem somos.
se você olhar para o abismo e ele te olhar de volta,não tenha medo do mergulho profundo, da garganta de jibóia.
se a garganta do abismo te engolir, deixe-se digerir, vá nadando de encontro ao fundo do abismo.
porque até mesmo o redemoinho de espiral tem uma ponta, porque não tem abismo que não tenha forma de voltar.
[nem que eu escale as mais duras pedras, nem que eu nade ao infinito,
nem que a garganta quebre os meus ossos até desaparecer e nascer outro]
nem que seja no salto ornamental inverso.
voltando para o precipício-mirador.
de onde miro o meu vazio tantas vezes quanto for necessário.
na busca do meu ser cheio de ar, de mar, amar, de buscar, de ser.
*desculpem, anotei isso faz tempo, sei lá de onde vem essa citação.
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