7.8.09

da novidade do olhar, da experiência.



Porque às vezes nos sensibilizamos com obras que não entendemos?

Esta frase, um tanto banal na verdade, mas também pouco observada e essencial, caiu no meu colo em palestra recente. Estava num contexto mais ou menos esse [esta pergunta]:

a experiência é a fonte do sensível?

Voltando à pergunta lá em cima, admito que fiquei perplexa.
Pareceu absurdo nunca ter refletido com cuidado sobre algo que ocorre com uma frequência no mínimo considerável.

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Mas gosto muito dos giros e da secreta afinidade das coisas que estamos vivenciando.

[... apesar da perplexidade, não senti necessidade de me responder rapidamente.
Foi como se já soubesse que iria encontrar a resposta sem uma busca agitada e cega.]

Então, com a simplicidade de quem mantém os olhos abertos, encontrei a resposta nas palavras de Luciano Fabro:

"Temos que distinguir a impressão da experiência; a impressão é um fato transitório, dificilmente controlável, que pode modificar qualquer coisa em nossa bagagem psicológica, ao gerar um choque. A experiência não é apenas ver, mas sentir, tocar, ser capaz de reconstruir, etc. A experiência é precisamente este tomar posse."

Luciano Fabro, em Discursos.
Escritos de Artistas anos 60/70, ed. Jorge Zahar.
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Tomar posse é algo bastante pessoal, certamente.

O que gera uma compreensão pessoal, quando tornamos algo importante em um nível íntimo.
Já não é uma questão de compreender algo no contexto do mundo.
O universo pessoal cria o sentido, e ele é completamente suficiente.

É assim que uma obra torna-se milhares ao mesmo tempo.
[ 1 - 1000 ].

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Ou, desta forma:

Eu não preciso entender, somente viver:

"Como o prazer de caminhar: é tudo, uma percepção da coisa, não é um fato sensual ou sensível, é uma experiência global que deriva de não deixarmos que nenhum destes momentos de vida se perca. Pela mesma razão, podemos gostar da dor, não de modo masoquista, mas porque podemos perceber o seu modo de ser. Há uma diferença entre o sentir e o tomar posse, que é justamente o viver."

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Antes disso, ele dizia:

"Nós nos colocamos sempre em atitude estética diante de alguma coisa quando não somos obrigados a ter uma atitude instrumental."

Pensei na espontaneidade que às vezes só se encontra no viver.
E também na quantidade de vezes que vamos a museus ou o que for, nos esquecendo exatamente disso.

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Como manter a ingenuidade do olhar?




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