Estou no deserto
de paredes brancas e sol distante
analgésicos...
aqui os dias são mais os mesmos do que em qualquer outro lugar.
a noite mais azul.
o silêncio se alterna com as crises.
deserto sinuoso.
o deserto é ilha.
as terras avistadas são sempre distantes,
o olhar não sabe medir.
mal sabe esperar.
o problema das fotografias é que elas não são impressionistas.
não entendem a sutileza do tempo.
a falta de mudança de todos estes dias
sempre os mesmos, espirais.
um dia inteiro na poeira dos grãos grossos e densos.
enterro-me. como se me escondesse.
posso ver o raio mais intenso mesmo com os olhos fechados.
cada partícula é em mim uma palavra.
nossas temperaturas, as mesmas.
confundo-me com o som silencioso do deserto.
percorrendo as grandes distâncias,
som profundo nos tímpanos, surdo, indistinto.
para desaparecer só é preciso o desejo.
"não importa para onde vamos,
contanto que sem cautela".
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