6.5.10

o céu sobre mim

é indiferente.
ao cansaço e as alegrias.

é olhar atento, é olhar ao longe.

então, que diferença faz quando estamos alegres ou tristes
se podemos ser os dois ao mesmo tempo?

outras vezes, estamos tão repletos
que logo nos sentimos esgotados.

como estar na estrada e perder a terra de vista,
que desliza por baixo dos olhos.

a erosão em mim é sem nexo.
é como crer em tudo
[ao mesmo tempo, é não crer em nada].

não há uma gota de orvalho que ilumine o nevoeiro.
tem seu próprio tempo,
tem suas intenções.


às vezes acordo e percebo que o dia é completamente diferente.


se a memória recente ainda arde na pele,
como viver a dissonância entre estes dois dias
ambos sonhados, ambos reais?...

nenhuma gota escorre pelos dedos,
nenhuma gota cai na retina.

fica ao longe, não serve de lupa para o outro dia
[aquele de outra dimensão].

no entanto é esta mesma gota que atravessa o nevoeiro em direção ao meu olhar.
é lá que vejo o verde e o laranja do dia que nem chegou.
sonho luz e sonho nevoeiro.

viver ambos é projeto de insistência
e sua alternância é que lhes confere sabor.



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